Pessoas que largaram tudo para se aventurar nesse mundão de Au Pair!

25 agosto 2017

Sobre o que ficou do ano de Au Pair




No começo éramos todos estranhos, nos testando e nos duvidando. Será que eles vão gostar de mim? Será que ela é boa pra gente? Dúvidas dos dois lados - das crianças e do meu. No final, vejo que fomos bons e valemos à pena.

Eram três as crianças das quais eu cuidei. Três meninos, na época com oito, dez e treze anos; cada um com suas peculiaridades que me deixavam maluquinha, indecisa e encantada. Sim, porque para cada vez que eu ficava irritada, algo acontecia e uma atitude deles me surpreendia.

O mais velho me mostrava compreensão. Eu, a pessoa estranha que mal falava o idioma deles, e que no início não conseguia cuidar dos irmãos dele. Ele agia como se não precisasse de mim, o que por diversas vezes eu acreditei, até que numa noite ele chegou tarde em casa e eu, como não tinha o numero do celular dele para falar com ele, fiquei toda preocupada. Assim que ele chegou, conversamos. Eu disse da minha preocupação e que ele deveria avisar. Ele sorriu desculpas e disse que não faria novamente.

O do meio me surpreendeu algumas vezes. Foram mais situações de atrito do que paz que tivemos, até que um dia ele veio me pedir ajuda para comprar um presente para os pais. Ele precisava de ideias e veio pedir para mim, numa atitude que me mostrou que por mais que haja guerra sempre há espaço para paz.

O pequeno me disse para enfrentar meus medos. Disse que rap não é tão ruim (e dependendo a música, não é mesmo). Levou-me para o quintal, no escuro, e disse que nenhum monstro morava lá; o barulho era dos sapos que habitavam o lago. Contou que a amiga da mãe era maluca e que os colegas da turma dele todos gostavam de alguém que não gostava deles. "E tu?", eu perguntei. "Eu não corro esse perigo", ele respondeu, "eu gosto de alguém que eu sei também gosta de mim". "E como tu sabe? Ela te disse?", eu, que nem curiosa sou, perguntei. "Ela lê para mim todas as noites e me dá beijo na bochecha antes de dormir. Isso é gostar, não é?". "É, isso é gostar", eu respondi. E naquela noite eu li mais um capítulo do livro pra ele e beijei suas bochechas antes de dar boa noite.


Bom restinho de agosto.
Fiquem bem
;D
Share:
Mel SSchiewe

Um comentário: